“Em 1989, Gabriela Rabelo, amiga e parceira de outras escrituras, sugeriu que nos inscrevêssemos no programa de Bolsas Vitae. Propus retomar um projeto antigo juntando numa peça teatral sobre Mário de Andrade, quatro contos que Maria Helena Grembecki, estudiosa
da obra dele, apontara conterem elementos autobiográficos e a convidamos para o projeto.
Contemplados, partimos dos quatro contos, 'Tempo da camisolinha', 'Frederico Paciência', 'Vestida de preto'
e 'O peru de Natal' para compor uma biografia de Mário
de Andrade narrada por ele mesmo. Dividimos entre nós toda a extensa obra de Mário, garimpando material
que rendesse uma escritura cênica.
Depois de meses de tentativas frustradas, experimentando vários métodos de escritura, com
o material imenso, rico demais, uma noite acordei com Mário de Andrade parado na porta de meu quarto, de terno branco, chapéu panamá e um eterno cigarro nos dedos. Em meio à fumaça, ele disse: 'Me deixe conversar com Macunaíma'. E desapareceu.
No dia seguinte, dividimos as anotações e não muito tempo depois tínhamos a peça e o título dado pelo
próprio Macunaíma: O brilho inútil das estrelas.”
Peça inédita para 13 atores